Por: José Mário Peixoto Costa Pinto
O Marechal de Campo, Francisco Pereira de Aguiar, nasceu em 1820 e faleceu em 1903, aos 83 anos. Castro Alves nasceu em 1847 e morreu em 1871, com 24 anos. Quando o Marechal Aguiar tinha 27 anos, Castro Alves nascia. Tomando por base o ano de 1992 são passados 172 anos do nascimento do Marechal Aguiar; 145 anos do nascimento de Castro Alves; 89 anos da morte do Marechal Aguiar e 121 anos da morte de Castro Alves. Em síntese, o que ocorria na Bahia, no Brasil e no mundo? Diz Edison Carneiro que Castro Alves nasceu um pouco antes do levante praieiro de Pernambuco, a última das agitações populares iniciadas com a Minoridade, e morreu, um pouco depois da publicação do Manifesto Republicano. A maré das revoluções populares entrava em refluxo. A reação conservadora esmagou os cabanos do Pará (1833), os farrapos do Rio Grande do Sul (1835-45), a sabinada na Bahia (1837), os balaios no Maranhão (1839), a revolução liberal em Minas Gerais e em São Paulo (1842) e os praieiros de Pernambuco (1848-49). Os conservadores e os escravagistas, cedendo à pressão exterior e tentando minorar a insolvência da lavoura, como mais tarde confessaria Eusébio de Queiroz, haviam abolido o tráfico de escravo em 1850. Os capitais empregados nesse comércio de seres humanos buscavam aplicação na indústria, nos Bancos, nas companhias de navegação. Heitor Ferreira Lima diz que a segunda metade do século XIX, no Brasil, pode-se dizer que é todo o segundo reinado. Ela começa, portanto, a rigor, em 1840, com a proclamação da maioridade de Pedro II e sua consequente ascensão ao trono. Três grandes acontecimentos enchem a história desta época: a Guerra do Paraguai, a Abolição e a República. Como causa determinante destes fatos todos, porém, encontra-se um fator único: a transformação econômica porque passava o país. Esse “surto progressista” Edson Carneiro chama de “aparente prosperidade nacional”, Heitor Ferreira Lima chama de “transformação econômica”, Afrânio Peixoto e Pedro Calmon falam em “grande progresso”. J.F. Normano caracteriza por uma “pequena revolução industrial de Mauá”. Este progresso começou no entanto, bem antes, com a transferência da Côrte de D. João VI para o Brasil. Normano diz que “a colossal arrancada progressista atinge seu apogeu no segundo reinado entre os anos de 1850 e 1870. Instalam-se no país grandes armazéns de importação. Fundam-se importantes casas de negócios. Criam-se Bancos; 1836, no Ceará; 1838, no Rio de Janeiro; 1846, no Maranhão; 1847, na Bahia e Pará; 1851 e 1853, também no Rio de Janeiro. A primeira estrada de ferro nacional foi inaugurada em 1854 e em 1875 o país possuía 1.801 Km de linhas ferroviárias. A navegação, que representa 31% nos anos de 1822 a 1837, passa a 50% entre 1837 e 1874. O primeiro telégrafo elétrico, no Brasil, foi construído em 1852 e 1875 já se tinha 6.286 Km de linhas telegráficas. Segundo Oliveira Lima no seu livro “Império Brasileiro” e Pandiá Calogeras na sua famosa obra “Formação Histórica do Brasil”, diz: Eis a dinâmica do comércio exterior do Brasil, em contos de reis.
Desenvolvimento industrial de acordo com o período de sua fundação. Refere Roberto Simonsen, que por volta de 1850, o país contava com um pouco mais de 50 estabelecimentos industriais, inclusive de dezenas de salineiras aduzindo que “há referências a 2 fábricas de tecidos, 10 indústrias de alimentação, 2 de caixas e caixões, 5 de pequena metalurgia, 7 de produtos químicos, nas quais estavam empregados capitais no valor de mais de 7 mil contos, que, ao câmbio de então, representavam cerca de 780.000 libras esterlinas. Em 1876 existiam já fábricas de tecidos com 14.875 fusos e 385 teáres mecânicos, ocupando 768 operários, cuja produção era de 125.600 quilos de fio”. José Bonifácio, que teve para a formação do espírito de Pedro II e para o futuro da nacionalidade o fato de ele haver assistido pessoalmente à Revolução Francesa e mantido relações de bom estudante com Chaptal, Vauquelin e, sobretudo com Fourcroy, em cujos “Annales de Chime” colabora em 1790, ao regressar ao Brasil já velho, mas de espírito sempre jovem, o Imperador Pedro I nomeia o grande José Bonifácio tutor dos seus filhos pelo seguinte Decreto: “Tenho maduramente refletido sobre a posição política deste Império, conhecendo quando se faz necessária a minha abdicação e não desejando mais nada deste mundo senão gloria para mim e felicidade para a Minha Pátria, Hei por bem, usando do direito que a Constituição Me concede no cap. V art. 130, nomear, como por este Meu Imperial Decreto nomeio, tutor de Meus amados e prezados filhos ao muito probo, honrado e patriótico José Bonifácio de Andrade e Silva, Meu verdadeiro amigo. Boa Vista, aos 6 de abril de 1831, décimo da Independência e do Império. Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.” Por decreto da Regência, de 15 de dezembro de 1833, José Bonifácio foi suspenso das funções de tutor dos filhos de D. Pedro I. Exerceu o cargo durante trinta e dois meses e dias, tempo de sobra para imprimir traços do seu caráter íntegro no espirito do jovem pupilo, depois D. Pedro II, nascido a 2 de dezembro de 1825. Contava, em 7 de abril de 1831, cinco anos quatro meses e dias. As intrigas políticas para o afastamento de José Bonifácio principiaram logo em 1831. Temiam, e com razão, os latifundiários e escravocratas, que ele infundisse no futuro imperador os seus sentimentos libertários. A influência de José Bonifácio e Vitor Hugo foram, realmente, enorme na formação do Marechal Aguiar e, principalmente, em Castro Alves. Diz Afrânio Peixoto que “Castro Alves não podia escapar também a esse tempo, mas fê-lo com um caráter e ungiu com a sua nativa generosidade por nenhum interesse: num regime monárquico, foi republicano; num tempo em que a escravidão era no Brasil res sacra, res integra, foi abolicionista; num tempo em que havia uma guerra contra o Paraguai, desdenhou o sucesso fácil das odes guerreiras e militares, foi humanitário e pacifista; quando o êxito militar e político do Império alemão acovardava o mundo e aqui mesmo lograva o proselitismo que os fortes sempre impõem aos fracos, ele protestava e num apelo patético confiava o destino futuro da Civilização aos filhos do Novo Mundo! Originalidade porque lograva ser poeta da natureza brasileira, das causas sociais brasileiras, como estilo próprio, seu, inconfundível entre todos os poetas de seu tempo e de seu país...” Amigo do Marechal Aguiar, Castro Alves, nos seus últimos anos de vida, já na Cidade do Salvador, no Solar do Sodré, onde posteriormente funcionou o Colégio Ipiranga, fechado muitos anos e reaberto depois pelo governo do Estado, tão revolucionário quanto amante de muitas mulheres, desassombrado ganha de presente do Doutor Salustiano Ferreira Souto um alazão imponente, de crinas inteiras, ao qual deu o nome respeitável de “Richelieu”. Assim conta Heitor Ferreira Lima: “Montado nele ia visitar o conselheiro Dantas, na Vitória; gozar a delícia de uma hora de conversa à sombra colhedora das mangueiras, na “roça” dos Aguiar; prosear e recitar numa roda de amigos na residência de Domingo Joaquim da Fonseca.” O Cientista Social Luiz de Aguiar Costa Pinto diz, com humor, que correu o risco de ser parente de Castro Alves... J. Mattos Filho, no seu livro “A Filha de Castro Alves”, também fala dos seus passeios a cavalo. Veja o que diz: “Aconteceu porém o que era inevitável, embora os escritores castriades omitam o fato. Castro Alves encontrou a mulher que lhe faltava, fora do rol das sinhazinhas do ambiente caseiro, alheia àquelas cujos nomes foram conservados e voejaram, como mariposas e inquietas, derredor as chamas desse gênio da poesia. E elas foram muitos o que levou Afrânio Peixoto, na conferência da Biblioteca Nacional, a exaltar, depois de citar algumas: “E outras ... e outras! ... Foram tantas faz lembrar Sainte Beuve, quando fala das amadas de Chateauberiand: são as estrelas do céu – mais agente as contempla, mais elas aparecem!” Continua Mattos Filho: “Virgínia Hugo malgrado a sua condição de humildade, que a fez a ignorada da história do poeta, participa desta constelação, e participa aureolada pela coroa da maternidade”. Este, além de ser amigo do Marechal e suas filhas, era admirado por parte da aristocracia da época. Esta ligação com Aguiar, Dantas, Fonseca e outros demonstra cabalmente uma grande admiração pelo gênio baiano. O Marechal Francisco Pereira de Aguiar e Castro, mas que em todos os documentos posteriores não consta o “e Castro”, viveu intensamente a segunda metade do século XVIII, como fez Castro Alves, era um homem monarquista, constitucionalista e progressista para a sua época, sendo engenheiro formado na Escola Militar do Império do Brasil, obtendo aos 11 de março de 1841, a patente de “Alferis – Aluno” graduando-se em Bacharel em Matemática pela referida Escola Militar. Regressando à Bahia, aos 11 de Janeiro de 1843 e com 23 anos de idade, na presença do Reverendo Frei Raymundo Nonato da Madre de Deus Bastos, no oratório particular da casa de seus pais, recebeu como esposa Dona Maria Roza de Madureira. A sua mulher contava então 17 anos de idade. Até 1843 o Marechal Aguiar era um homem relativamente pobre pois vivia apenas do seu soldo de Engenheiro Militar. Nesse ano ele recebeu importante herança tornando-se, assim, rico e abastado proprietário. Desde esta época passou Francisco Pereira de Aguiar a morar com a sua mulher na bela chácara que os Madureira possuíam no Bom Gôsto, e que se chamava “Roça Grande” a qual passou à história conhecida por “Solar do Bom Gôsto” ou “Solar Aguiar”. Essa Roça foi vendida em 1917, após o falecimento da segunda mulher do Marechal Aguiar, ao Governo do Estado da Bahia, o qual a cedeu mais tarde à Faculdade de Medicina, que mandou demolir o Solar no ano de 1933, para ali edificar o atual Hospital das Clínicas, a Reitoria e a Cidade Universitária. José de Aguiar Costa Pinto, Professor da Faculdade de Medicina e então Diretor, neto do Marechal Aguiar, um homem culto e progressista, antes da demolição do “Solar Aguiar” teve o cuidado de fazer fotografar toda a coleção de azulejos do “Solar Aguiar” levantando assim um documentário sem ajuda do qual teria sido duplamente trabalhoso o aproveitamento dos painéis nos salões e corredores da Reitoria, graças à iniciativa do então Reitor Edgard do Rego Santos. Eis a descrição feita por Afrânio Peixoto, grande amigo de José de Aguiar Costa Pinto, sobre o “Solar do Bom Gôsto”: “O Bom Gôsto era um paço rico, cheio de artísticas preciosidades, engaste raro e digno das lindas moças, das austeras matronas, dos ricos homens que habitavam. O soalho envernizado aqui, era forrado ali de esteirinha de caixões, e friso doirado ao longo das cornijas seguindo por salões e alcovas, os móveis pesados e solenes, a prataria, a cerâmica, os jarrões, os cristais, os cetins de Macau, as sêdas de Lião, os veludos, os damascos, os gorgurões, as holandas, as cambraias, os esguiões que envolviam uma numerosa família, digna de quadros, dessa moldura, desse escrínio de jóias... E as jóias então! Tudo passou... dele ficaram algumas lembranças, de contemporâneos que vão passar”. No seu “Breviário da Bahia”, Afrânio Peixoto enfatiza que “ainda hoje a alta sociedade da Bahia ostenta o nome Aguiar, associado aos Macedo, Costa Pinto, Castro Rebelo, Cerqueira Lima, Liberato de Matos... e outros colaterais e descendentes dos Aguiar.” Rico era o comerciante português Pedro Barbosa de Madureira, falecido a 21 de julho de 1868, conforme se vê na lápide do jazigo da família na Igreja da Piedade. Passou a ser propriedade de Francisco Pereira de Aguiar, futuro Marechal de Campo, com a morte do filho que este houve de sua primeira mulher, que era filha de Pedro Barbosa de Madureira e que faleceu antes. O Marechal Aguiar recebeu duas heranças, por isso era tido como um homem abastado, todavia antes disso ele pertencia a uma família sem maiores recursos. O resto é mito. Era um Engenheiro extraordinário tendo sido condecorado por D. Pedro II em várias oportunidades e todas suas promoções foram por merecimento em face de obras tidas como “gigantescas” para a época, senão veja-se: a construção da muralha “que se vai construir na montanha do Pilar (na Bahia) sob a casa do senhor Justino Nunes de Sento Sé”, cujo original se acha no Arquivo Militar; “Projetos de melhoramentos para a Ladeira da Conceição, de uma praça e cais em frente da matriz do mesmo nome”; dirigiu indistintamente todas as obras da capital e as da cidade da Cachoeira, sendo o chefe dos engenheiros de Salvador; nivelou o Campo Grande, então chamado de Campo de São Pedro, ao Canela onde tinha duas montanhas; iniciou-se em 1851 o calçamento da Cidade do Salvador, sendo a Ladeira da Misericórdia a primeira a ser calçada, seguindo-se outras da cidade baixa entre a Fonte do Pereira e Guindaste dos Padres, assim como a Calçada do Bonfim até Jequitáia e ainda a rua Nova do Comércio (atualmente Conselheiro Dantas), bem como a praça do Comércio e o Julião; a construção do edifício semicircular sobre o cais da Alfândega que dá para o mar, obras no palácio do Arcebispo, no Lazarêto de observação, no Farol da Barra, no Palácio do Governo, calçamento da Ladeira do Taboão, do Beco do Tira-Capote (atualmente rua da Alegria), da Ladeira da Piedade, dos becos do Garapa, da rua do Pilar, macadamização da estrada da Vitória e muitas outras. A mais importante obra do Marechal Aguiar se deu no Governo de Francisco Gonçalves Martins, no seu segundo governo como Presidente da Província da Bahia, nomeado pela Carta Imperial de 25 de junho de 1868. Francisco Gonçalves Martins, o Visconde de São Lourenço, deixou a Presidência da Província da Bahia em 1871, por incrível oincidência o ano que Castro Alves morreu. Diz Braz do Amaral sobre a maior obra do Marechal Aguiar, citado no livro “Os Presidentes da Província da Bahia 1824-1889”, de Arnold Widberger: “ainda se notava a falta na Bahia de uma obra de suma necessidade. Haviam os holandeses represando o rio das Tripas para aumentar o dique, ou antes fazer um dique entre a cidade e os morros próximos, de onde podiam vir inimigos. Os portugueses deixaram o fôsso aquático, sem dele cuidarem convenientemente, e os brasileiros, ainda menos. Era portanto um charco de águas lodosas no verão e um alagadiço no inverno, e que se estendia desde os fundos do Convento de São Bento, ou Hortas de São Bento, até a Baixa dos Sapateiros. Havia em certos pontos pinguelas, pelas quais se passavam, fazendo milagres de equilíbrio, de uma parte para outra, isto é do bairro da Saúde e do de Santana para o da Sé, sitio onde a cidade primitivamente fora fundada. Era preciso transformar a parte baixa entre os morros, encharcada e imunda, numa rua, canalizando o rio das Tripas e fazendo-o correr por baixo de uma abobáda, para aproveitar o espaço e fazer ali a comunicação entre a parte velha e a nova, da cidade. E foi esta a obra que formou a rua da vala, atualmente chamada rua Dr. J.J. Seabra, trabalho que se fez em diversas administrações, aliás.” Diz Arnold que por justiça deveria se chamar rua Francisco de Aguiar, pois foi ele quem a fez, e construiu. Assim ficaria gravado para sempre na memória dos póstumos o nome do Marechal Aguiar, que foi sem dúvida alguma, o maior engenheiro Militar do seu tempo na Bahia e o grande impulsionador das nossas mais destacadas obras públicas. Defendendo tese no Rio de Janeiro, o Marechal Aguiar recebe o título de “Doutor em Matemáticas”, com todas as solenidades da época. O Alferis-Aluno Francisco Pereira de Aguiar terminou como Marechal, título este recebido depois de morto. Sempre que terminava uma importante obra na Província da Bahia era promovido e recebia de D. Pedro II uma condecoração. Conta Arnold Wildberger um fato que demonstra a personalidade e a grandeza do Marechal Aguiar, além de uma competência finura, educação e cultura que devem ser exaltadas: “como a Província da Bahia atravessasse uma fase difícil nas suas minguadas finanças, ofereceu Francisco Pereira de Aguiar ao Presidente Antônio Coelho de Sá e Albuquerque 10% do sôldo de sua Patente, durante um ano, para “acudir às despesas com obras públicas”. A Presidência, aceitando aquele oferecimento por oficio de 25 de fevereiro de 1863, menciona que o mesmo foi feito “em auxílio das Urgências do Estado”, acrescentando: “cabe-me dizer-lhe que ao Governo Imperial darei conhecimento da oferta e em nome do mesmo Governo agradeço a V. M.cê essa prova de patriotismo.” Demonstrando que se pode ser agradecido, ter reconhecimento por suas promoções e condecorações, sem misturar com subserviência ou falta de gratidão, inclusive a D. Pedro II, que tanto lhe promoveu e condecorou por sua competência e honradez, Francisco Pereira de Aguiar foi chamado à Corte pelo Ministro da Guerra, Visconde de Camamú, em 19 de Abril de 1865 a fim de seguir para a guerra que o Brasil declarou ao Paraguai em 26 de janeiro de 1865, “no primeiro vapor que ali partisse”. Seguiu o Militar Engenheiro Civil e “Doutor em Matemática”, chegando à Corte e sabendo que havia sido nomeado chefe do Corpo de Engenheiro um Major de nome Carvalho, de patente inferior à sua, protestou, pelo que determinou o Ministro da Guerra por Ordem do dia 9 de maio, o seu regresso para a Província da Bahia. Mais tarde, por Ordem de 29 de setembro de 1866, foi ele enviado para Tabatinga, na fronteira do Amazonas com a Colômbia. Não deixa de ser uma perseguição por ter protestado com absoluta dignidade e razão. Tempos depois voltou à Província da Bahia continuando ativamente à frente das novas realizações no campo da engenharia, sendo promovido a Tenente-Coronel do Corpo de Engenharia. Por ocasião da abolição da escravatura, teve ensejo de libertar muitos escravos que viviam em seu “Solar do Bom Gôsto” e em seus inúmeros engenhos do recôncavo baiano. Quando se deu a queda da Monarquia, em 15 de novembro de 1889, não se conformando com o novo regime político introduzido no Brasil, pediu reforma, obtendo-a por contar mais de 40 anos de bons serviços conforme consta no Decreto nº 1934, de 30 de janeiro do mesmo ano. Portanto, o Marechal Francisco Pereira de Aguiar não obstante ter sido monarquista e constitucionalista, foi também um homem culto e extremamente competente sendo, no mínimo, um liberal ou mesmo progressista no reinado de D. Pedro II. Os seus descendentes até os dias de hoje estiveram ou estão sempre ligados, além de uma primorosa educação de influência francesa, às ciências, às artes, à educação, à cultura doando-se à Bahia, ao Brasil e até no exterior, como nos casos dos descendentes do casal Joaquim da Costa Pinto e Sophia Henriqueta Macêdo de Aguiar, ela que teve dez filhos. Seu marido Joaquim da Costa Pinto era um comerciante de guarda-chuvas, chapéus de feltros ou semelhantes varrendo, diariamente, ele próprio, o passeio em frente a sua loja tornando-se Senador Costa Pinto, uma homenagem da Câmara Municipal do Salvador, porque em 1891 fez parte da constituinte Republicana do Estado da Bahia, sendo a seguir eleito Senador Estadual. Residiam onde está situado o Colégio Sophia Costa Pinto cujo educandário foi fundado por Carlos de Aguiar Costa Pinto, neto do Marechal Aguiar, que casou-se com Dona Margarida Ballalai de Carvalho, tendo sido um homem relativamente pobre, como enfatiza o grande amigo da família José Silveira, no seu livro “Paradigmas-Vidas que Ensinam; Exemplos que Engrandecem – 1989”. Trata-se de outro mito pois só ligam Carlos de Aguiar Costa Pinto à sua fortuna que conseguiu com muitos esforços no comércio. Educado, sim; rico, inicialmente, não. Carlos era de temperamento despótico. Sem dúvida uma família de tradições de educação, cultura e ciências nos ramos os mais diversos como o de Angelina Macêdo de Aguiar e Manoel Joaquim Liberato de Matos; ramo Maria Jacinta de Aguiar e Alfredo Augusto Borges; ramo Laura Macêdo de Aguiar e Manoel Joaquim Liberato de Matos, ramo Eugênia Macêdo de Aguiar e Manuel José de Magalhães Aguiar; ramo Zulmira Macêdo de Aguiar e João Cerqueira de Magalhães; todos fizeram algo de bom e com dignidade pela Bahia. Não se sabe porque nunca o Museu Carlos Aguiar Costa Pinto, um museu fantástico, nunca fez uma grande homenagem ao Cientista Marechal Francisco Pereira de Aguiar seu neto, eis que Carlos é filho do Senador Joaquim da Costa Pinto e Sophia Henriqueta Macêdo Aguiar Costa Pinto, inclusive tiveram 11 filhos dos quais o Professor Doutor José de Aguiar Costa Pinto, grande amigo dos mestres José Silveira, Magalhães Neto, Almeida Gouveia, Afrânio Peixoto, Couto Maia, Lemos de Brito, entre outros, sendo Carlos tio do Magistrado José Mário Peixoto Costa Pinto, descendente direto do Marechal Francisco Pereira de Aguiar, que deu início a tudo, inclusive no Museu há muita coisa comprado por Carlos aos seus parentes, realizado por sua viúva a dama e fina Dona Margarida de Carvalho Costa Pinto, hoje tudo e muito mais herdado por seus sobrinhos, que o mantém com a ajuda do governo da Bahia, inclusive, do Orçamento do Estado da Bahia – Exercício de 2001, há recursos destinados à Fundação Cultural do Estado, para o Museu Carlos Aguiar Costa Pinto no valor de R$ 1.060.000,00 (hum milhão, sessenta mil reais) ou seja, 3,6% do total. (Fonte: Diário Oficial de 14 e 15 de outubro de 2000). A Bahia deve muito ao maior construtor de sua época com obras gigantescas, como a Ladeira da Montanha, que encantou cientistas japoneses em terremotos, pois segura toneladas e toneladas de peso da Praça Castro Alves até o Pilar sem um só pedaço de ferro. A Bahia deve preservar sua memória.
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