quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Genealogia Marechal Aguiar

PREFÁCIO À 3ª EDIÇÃO
http://genealogiamarechalaguiarcostapinto.com

Saia do Teatro Nacional Dona Maria I por volta das vinte e três horas, assistindo uma peça de teatro sobre Camões. Como é sabido pelos cultores da história em geral, Afrânio Peixoto fez d´Os Luziadas o breviário de sua paixão, o código da beleza secundária, “o tesouro farto e misterioso entre cujas pedrarias de ocidente a oriente cintila, sangra e canta o coração da roça”, no dizer de Pedro Calmon.Afrânio Peixoto considerava a Castro Alves o neto brasileiro de Camões.Teatro lotado, como sempre na Europa pelo povo, parecendo, não haver classes. Qualquer país europeu teatros vivem cheios. Há quatro anos assisti, com Noelice, em Londres, a peça “Os Miseráveis” do extraordinário Victor Hugo e até hoje essa peça magnífica passa em Londres, no mesmo teatro.O edifício foi projetado por Fortunato Lodi e inaugurado em 1846. O estilo é neoclássico, ostentado na fachada por seis colunas de ordem jônica ao cimo das quais, no tímpano, um alto relevo esculpido por Francisco Assis Rodrigues e Antônio Manuel da Fonseca, representa Apolo e as Musas. Ao cimo do tímpano, e da mesma autoria, as estátuas de Gil Vicente (o fundador do Teatro português), ladeado por Thalia e por Melpone.No dia segunte tomei o desejum no flat alugado por Dona Odete, misto de guia do turismo e empreendedora de aluguéis de apartamentos, tornou-se grande amiga de Noelice. Saíram as duas em direção à Rua Ivens, nº 40, onde se encontra a Galeria de Arte São Francisco.Tomei um táxi de um típico cidadão português, inclusive com enormes bigodes e o boné tradicional. Vamos para a “Baixa de Lisboa”, Rua Prata, nºs 60/62 onde fica “A Croissanteria da Prata”. É comércio de restauração e do mundo inteiro chegam objetos de prata para o trabalho do restauro. Contei nessa rua da Prata nada mais que treze lojas de restauração somente da prata: Caracol, Flor da Prata, Condão da Prata, Pamona, Caneca de Prata, nomes típicos do Portugal de sempre.A “Baixa de Lisboa” é uma delícia, como também gosto da Mouraria e do Bairro Alto, com livreiros, restaurantes, Fado sempre, bares e muita boemia.Roberto Alfaro Pereira, Mestre da Pedagogia, entra na “Croissanteria da Prata” em horário britânico. Eram 10:03 h e marcamos 10:10 h da manhã. Um minuto depois chega o Juiz de Direito Social, o Paes Leme, escritor, poeta, humanista acima de tudo.Que tal a peça sobre Camões, pergunta Roberto Alfaro Pereira? Respondo-lhe simplesmente: que maravilha, Portugal e Brasil, Camões e Afrânio Peixoto, o Mestre da Universidade de Coimbra. O regionalismo lençoense virou universal!Paes Leme acrescenta que o povo do país irmão mostrou sempre excepcional interesse por sua fascinante figura. Que pena as gerações atuais no Brasil não o conheça, assim como obras do Marechal de Campo Engenheiro Militar Francisco Pereira de Aguiar que construiu meia Salvador e o Cais de Cachoeira.Todos nós tomamos um ligeiro susto e demos de ombro quando um dos sócios da “Croissanteria da Prata” falou: “quem conhece bem ambos é o ex-Embaixador de Portugal no Brasil, Professor Universitário, jornalista e escritor o sério Dr. Hermano Saraiva”.O Mestre Hermano Saráiva é de estatura pequena, simpático e extremamente conhecedor de história de Portugal e do Brasil, da Europa enfim.Se o colonialismo português arrancou a matéria prima do solo brasileiro, ela voltou, em menos quantidade, claro, em forma de arte da prataria, inclusive para casas da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Uma dessas casas foi, exatamente, dos familiares, esposas falecidas, filhos falecidos, sogros e parentes sanguíneos do grande cientista da construção na Bahia, o Marechal Aguiar.Aos seus descendentes mais próximos, Aguiar Costa Pinto, herdaram prataria, imóveis, cerâmicas, telas a óleo, marfins pela “tradicional herança”com todas as genialidades de terceiros que metem inveja a Maquiavel. E fazendas, casas, terrenos, ações, usinas, muita coisa. È como se fosse feita uma ponte reta entre o Conde Bastos até o sobrinho da viúva de Carlos Aguiar Costa Pinto, sem os Aguiar Costa Pinto!!! E usam o sagrado nome Costa Pinto e tiram o de Aguiar. Indelicadeza.É preciso ficar claro que jamais o irmão e cunhada do comerciante Carlos Aguiar Costa Pinto, respectivamente, o cientista médico Professor Doutor José de Aguiar Costa Pinto e sua esposa Professora formada em Canto Lírico na Itália, Soprano Ligeiro Amanda Adriana Ferreira da Cunha Costa Pinto, nem seus cinco filhos cientistas e de alta categoria patriótica, no Brasil e fora dele, nem as dezenas de netos quiseram absolutamente nada.Morto o Mestre José de Aguiar Costa Pinto em 1936, sua esposa e três dos cinco filhos foram, no ano seguinte, em 1937, em um Ita, para o Rio de Janeiro. Em 1952 foi-se outro filho para o Rio livrando-se da ditadura doentia do padrinho e tio, o comerciante já referido. Em 1947, falece o comerciante sem filhos, sendo viúva a Dona Margarida de Carvalho Costa Pinto, de prendas domésticas, educada e fina dama, que, em cartas e, antes, pessoalmente, segredava os horrores que sofria do despótico marido. Há documentos por escrito às centenas (cartas).A culta e também fina Dona Amanda Adriana Ferreira da Cunha Costa Pinto, filha do Embaixador do Brasil Manuel Jacinto Ferreira da Cunha e da Professora de Música Dolores da Cunha, Argentina do Rosário, escreveu solidarizando-se com a cunhada. Testamentos rasgados, amantes e temperamento despótico, o fato é que a dona Margarida de Carvalho Costa Pinto sofreu bastante e quase sempre calada. A verdade é importante para a história e a justiça.Ficou na Bahia, apenas, o cientista Ortodôntico Professor José de Aguiar Costa Pinto Filho que, durante a vida da tia, jamais cobrara absolutamente nada por cuidar de seus dentes.Quase toda a riqueza advinda do genial Marechal Aguiar, através testamentos e inventários, por compra ou não aos parentes dele, Carlos, ficou para ele. Sem filhos, passou para a viúva e alguns poucos parentes uma casa aqui outra casa ali, indo o restante para o sobrinho e esposa deste, depois os filhos e noras e genros, nenhum Aguiar Costa Pinto. Pânico do “Aguiar”? Porque?Essa terceira edição enfatiza, pelo assinante, aqui, a realidade: todos, Aguiar Costa Pinto, sempre, mesmo ao longe, Rio de Janeiro, Europa ou Américas, aplaudimos a que de bom Carlos e sua esposa fizeram como, por exemplos, ele o Colégio Sofhia Costa Pinto, ajudou o IBIT, restaurações de igrejas, no esporte amador,e ambos, o Museu Carlos Aguiar Costa Pinto. Parabéns.O que é ridículo é tirar o nome Aguiar e enfatizar Carvalho usando o Costa Pinto porque não há o que fazer da realidade cartorial e genética. Até o Mausoléu construído por Dona Sophia Aguiar Costa Pinto para enterrar seu marido o Senador Joaquim da Costa Pinto, é motivo de indelicadezas para sepultar os descendentes Aguiar Costa Pinto! Que coisa triste. Sem falar no nepotismo com o dinheiro público! Sim.Só Robert Langdon e Sophie Neveu para desvendar o “graal” o “Opus Dei”, o “Priorado” ou “Carvalheiros” das tumbas à procura d´ “O Código Da Vinci” ou o Maurice Leblanc com Arsène Lupin nas ruas de Paris. Agatha Cristie com Miss Marple ou o célebre Poirot iriam ao âmago de tudo isso, da velha Inglaterra ao Oriente Médio. Sem falar em Sherlok Homes.Paz Leme acrescenta: vamos convidar o Dan Brown para ir à Bahia. Certamente seria, digamos, “O Código Da Rosa” dando seqüência à maçonaria secreta CAVALEIRO, LONDRES, PAPA, TUMBA, GRAAL, ROSA, SANGREAL, CÁLICE “Busca o orbe da sua tumba ausente. Fala de Rósea carne e semeada tumba ausente”. A honra do Aguiar Costa Pinto deu lugar ao medo, deles. Roberto Alfaro diz: vamos almoçar na “Bacalhoeira Silva na Rua D. Antão Almada, nº 1 C; antes, iremos ao Rossio tomar o 83 Aero- Bus. Não se esqueça que o trem sai às 15:00 h para Porto e, daí, dia seguinte a Guimarães, onde, no século XIII, começou a linhagem de nosso Afrânio Peixoto.Assim seja, disse Paz Leme, o honrado e bom homem da paz, elegante e digno, pois preciso revisar meu livro “Criaturas do Pântano”, na gráfica da Rua Assunção, nº 18/24, aqui na Baixa de Lisboa.Despedimo-nos dos excelentes restauradores da rua da Prata e fomos ao bacalhau melhor do mundo.No trem para Porto Paz Leme e Roberto Alfaro Pereira conversavam sobre as árvores genealógicas do Marechal Aguiar e Afrânio Peixoto.Grandes amigos, cultos, amorosos, iam com os cérebros a todo vapor na ânsia de verem os povos no auge das Ciências. Roberto dizia: Hermógenes, em “Mergulho da Paz”, sentenciou que “dois ignorantes se encontram e não tardam a se agredir. Dois sábios se encontram e logo se abraçam”. E Paz Leme emendou: “Nada mais terrível que uma ignorância ativa”, no dizer de Gothe em “Sobre Leitura e Livros”.E assim o tempo passava e chegaram à bela estação da cidade do Porto.Qual não é a surpresa eu apareço andando por fora do telhado onde tinha a conhecida “nem eira nem beira” e chamo-os: Paz Leme, Roberto Alfaro Pereira... ei, aqui!Tomei um avião da TAP em Lisboa e, felizmente, como pensei, encontrei-os nessa estação. É sobre o Marechal Aguiar, falei.Que bom encontrá-lo. Vamos a Guimarães amanhã? Mas, qual a novidade disse-o meio sonolento o Paz Leme.É que o fabuloso Marechal Aguiar foi contra a maldita Guerra do Paraguai (1864/1870), sendo exilado entre Colômbia e o Brasil, daquela época (sic!), porque a guerra era imperialista. O Brasil, Argentina e Uruguai iriam roubar terras do Paraguai, o que aconteceu.Sophie Neveu procurou-me e entregou-me a página A5, da Folha de São Paulo, do dia 16 de dezembro de 2004 e lá está:“Segundo disse ontem um ministro à Folha, autoridades brasileiras da época subornaram árbitros que demarcaram fronteiras, subtraindo território do Paraguai. Na época, a Argentina, aliada do Brasil, também teria usado o expediente e se beneficiado dele”.“Há ainda documentos da guerra do Paraguai que relataria atrocidades cometidas pelos Exércitos do Brasil, Argentina e Uruguai”.Formidável disse a uma só voz Paz Leme, Roberto Álfaro Pereira e eu.Arnold Wildberger, historiador, já afirmara o exílio do Marechal Aguiar no seu livro biográfico do famoso engenheiro. A guerra do Paraguai, na realidade, começara em 1864, entretanto o Brasil declarou a guerra a 26 de Janeiro de 1865, ao Paraguai. O ministro da guerra, Visconde de Camamú, em 10 de abril de 1865 chama Marechal Aguiar à corte e o manda para a guerra. Ele desobedeceu não apenas porque fora nomeado chefe do Corpo de Engenharia um major de nome Carvalho, de patente inferior, como consta.Todavia, seguramente, sendo abolicionista (subversivo na época) o Marechal Aguiar já sabia dos absurdos da guerra onde a Argentina e o Uruguai já lutavam contra o Paraguai cujo exército era quase todo de índios Tupi-Guaranís paupérinos. Em 29 de setembro de 1866, foi exilado em Tabatinga, “na fronteira do Amazonas com a Colômbia, para fortificá-la”.Os documentos do Itamaraty, em “sigilo”, estão corretos: guerra imperialista e atrocidades contra índios.A personalidade do Marechal Aguiar era forte e bondosa, libertou seus escravos em plena escravidão, admirador e amigo de Antônio de Castro Alves, o “poeta dos escravos” e em 25 de fevereiro de 1863, antes do Brasil declarar guerra ao Paraguai, o Presidente Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, agradece ao Marechal Aguiar, mais civil que militar, pelo visto, a oferta de dez por cento de seu soldo para “obras públicas” (pág.28/29 da Coletânea).Formidável, Sophie Neveu, disse o Paz Leme. Além de bela e culta, inteligente e detetive francesa de escol, acrescenta Roberto Álfaro Pereira.Infelizmente, digo eu, a Bahia, o Brasil são tão pobres, fome, miséria, pobreza, ignorância, com uma oligarquia podre ligada a banqueiros, “políticos” sujos e intriguentos, “empresários” corruptos, que não deixaram os cérebros evoluírem para às ciências e é o que se vê. Não só o Brasil, toda a América Central, Caribe e do Sul, espanholas ou portuguesas, de línguas neolatinas. Nepotismo total. É a vida “bela” norte-americana!Se faz mister os Estados (federal, estadual ou municipal) divulgarem essa coletânea nascida do amor, da verdade, da honra e da dignidade da pessoa humana. È o que interessa à história. Somente. História é História. É como visgo. Na História há de tudo. Fica. Não morre nunca. A carne é que morre. Aí não tem jeito. O resto que é falta de sabedoria. Acaba.
Lisboa, 28 de fevereiro de 2005
José Mario Peixoto Costa Pinto

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